Bêbados matam no trânsito e vão responder em liberdade; nem a cachaça é condenada

Juliana Cristina da Silva (Foto: Luiz Cláudio Barbosa/Código 161/Estadão Conteúdo)

O que aconteceu em São Paulo com a morte de dois operários quando estavam pintando uma ciclofaixa, em Santana, na Zona Norte, atropelados por uma motoristas altamente embriagada ocorre diariamente nas ruas e avenidas deste país.

O pior de tudo é a certeza da impunidade. Quantos já foram mortos no trânsito vítimas da bebida e da irresponsabilidade de motoristas assassinos? Quanto já mataram ao volante e ficou por isso mesmo, pagando uma fiança e depois voltam a dirigir para cometer os mesmos crimes? Quem permaneceu por mais de 15 dias numa cadeia por atropelar e matar transeuntes nas calçadas, ou em paradas de ônibus?

“Não existe Justiça pra quem tem dinheiro”, como desabafou ao GI Leandro da Silva, abalado com a morte do pai, ao saber que a condutora do veículo que vitimou seu pai e outro amigo da família, Juliana Cristina Silva (foto acima) foi liberada após acertar o pagamento da fiança, calculada em R$ 15 mil durante alguns meses.

Veja o amigo leitor que a assassina vai pagar uma pena em dinheiro e ainda parcelado para não ficar presa, julgada e condenada. É esse o preço que vale a vida de dois operários que saíram lá de Pedro II, no interior do Piauí, para vencer e ganhar o sustento para suas famílias?

“Não acredito mais na Justiça dos homens, só nos resta a de Deus, pois se uma pessoa que dirigia sob efeito de álcool, matou duas pessoas e ainda fugiu do local sem prestar socorro está solta, não sabemos mais em quem acreditar. Não existe justiça para quem tem dinheiro. Esperávamos que ela fosse ficar presa por muitos anos, porém não foi isso que aconteceu”, disse ao G1 o filho da vítima

Conforme informações da postagem, “José Airton, de 54 anos, e Raimundo Barbos, de 38, pintavam uma ciclofaixa em Santana, na Zona Norte de São Paulo, quando foram atropelados por volta de 1h30 desse domingo (18), na Avenida Luiz Dumont Villares. A motorista fugiu, mas foi parada a 3 km de distância do local dos atropelamentos.

Juliana foi submetida ao exame de etilometria pela polícia e apresentou resultado de 0,85 miligrama por litro de ar, quase três vezes o limite para se configurar o crime de embriaguez ao volante, que é de 0,34 mg/l”.

Os corpos chegaram ontem ao Piauí e deverão ser enterrados agora pela manhã. Restou para as famílias a certeza de que quem mata no trânsito não é assassino e pode responder em liberdade. Lamentável.

de Luis Cardoso e G1